Para falar sobre maus costumes é
preciso antes de tudo se despir, a princípio, da venda que carregamos por
vaidade ou da mania de querer ser superior, impoluto e cristão purificado, mas
por consciência, dos três juntos.
*
Maus costumes, pensamos, só prejudicam
a nós mesmos, mas de modo particular, quando paramos para refletir, sabemos,
vemos e sentimos que seus efeitos ultrapassam os efeitos monossilábicos do
ponto de vista da individualidade ou como também chamamos, da vida particular. Eu
falo isso por ter refletido e analisado muitos maus costumes meus para poder
chegar a observar e refletir acerca de maus costumes alheios, e porque não
dizer, também, coletivos, do ponto de vista da cultura que influencia
comunidades inteiras. Um exemplo lamentável é a cegueira que adquirimos por
conta do fanatismo político. Muitas vezes, e eu arrisco dizer, que é um costume
aprendido dentro de casa, sem a prática da reflexão nem o conhecimento da
história como manda o figurino. A política gera analfabetos de toda natureza,
em especial esse deficiente visual que chamamos de ignorante, essa canalha que
chamamos de vadios das praças públicas e de beiras de esquinas, que “não perdem
tempo” para ler um capítulo de um livro em algum momento do dia ou da noite. Os
vadios das praças públicas aumentam em dez vezes, no mínimo, qualquer tipo de
notícia que possa trazer à tona alguma polêmica relacionada à politicagem. Vivem
de falatórios, apontam os dedos sujos para quem não levanta a bandeira que
defendem, riem alienados de tudo que possa representar um ponto a menos para
seu “adversário nas urnas”. Isso é muito perigoso pelo fato dessas práticas serem
estendidas para seus lares, onde crianças escutam, presenciam e acabam
aprendendo esses maus costumes que beiram o terreno do fanatismo e da
ignorância política somada à preguiça para estudar, para que aprendendo,
reflitam e sejam encorajadas por si próprias a agir diferente quando os maus
costumes foram cargos chefes do ponto de vista das tradições familiares ou até
mesmo culturais da sua comunidade. Se meu pai estivesse entre nós nos diria
assim:
*
___
Mau costume se tira com trabalho, levantando cedo e estudando. Quando a gente aprende
quanto é o papel de energia à gente apaga a luz do banheiro, não esquece o
ventilador ligado e aprende a tomar banho frio. Mas isso é culpa de muitos pais
e mães que desde cedo mostram ao menino que tem hora que é melhor dormir tarde,
acordar tarde, “aproveitar a mocidade” por que o tempo passa, e que é melhor “viver
a vida”.
*
Eu aprendi com papai a ser uma pessoa
responsável, incapaz de deixar de honrar meus compromissos, pronto para fazer o
que for preciso para afirmar e reafirmar com ações que meus sobrenomes Carvalho
e Maranhão merecem respeito. Lembro que quando a antiga prefeitura Palácio
Executivo Municipal José Valença Borba era na Rua Coronel José Belarmino, meu
pai ia receber lá, geralmente no turno da tarde. Nessa época o prefeito de
Cortês era o senhor Manoel José da Silva, uma figura emotiva e do ponto de
vista político, popular. Pois bem! Nessa época, papai já saia com o papel da
água e da energia no bolso. Quando chegava em casa, os colocava em caixas de
forma organizada. Havia um armário verde no quintal de lá de casa, situada a Rua
Padre Antônio Borges, número 43, ao lado da quadra esportiva Hilton Alves
Cavalcante Filho. O tal armário era cheio de ferramentas de papai. Na prateleira
de cima, havia documentos de toda a espécie organizado, que geralmente, se
resumiam em contas pagas. Entre uma ação e outra do meu pai, eu aprendia com
ele, muitas vezes, sem ele pronunciar uma palavra. __ “Aprendeu como se faz,
Fabinho?”, referindo-se a uma tilápia, peixe de água doce conhecido por Chilapo
ou Chilapão após tirar as escamas e trata-lo. Essa foi uma das poucas vezes que
ele me perguntou se eu havia aprendido a fazer algo que ele acabara de fazer. Nessa
ocasião, ele me pediu para levar o sal até ele, mas a real intenção de papai
era me ensinar a tratar peixes. Da mesma maneira foi com a carne de boi, de
porco, de bode e galinha. Eu sempre descascava o alho, cortava verduras e pegava
os temperos que ele utilizava. Aprendi muita coisa observando meu pai na
cozinha da nossa casa. Mas voltando aos maus costumes, para concluir essa prosa,
eu creio que muita gente carrega consigo maus costumes, sem dúvida, por não ter
tido um pai como o meu. Seu maior ensinamento foi quando certa vez, me contando
umas histórias que seu avô lhe contava, ele me disse:
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“Nunca se arrependa de ser honesto!”.
(Carlos Alberto de Albuquerque Maranhão)
*
Fábio de Carvalho Maranhão
Cortês-Pernambuco, segunda-feira, 03 de junho de 2019 (09h36min – 10hs13min)
– (Agrovila Barra de Jangada)
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Autofotografia: Janeiro/2019 |
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