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sábado, 6 de maio de 2017

Comprovante de Residência com umas Doses de Belchior / Fábio de Carvalho Maranhão

XX

Crônica Especial

A expressão: "escrever uma crônica especial", não é que ela seja especial no sentido real da palavra. É que indispensavelmente, escrevo e publico uma crônica aos domingos, e a ideia de escrever esta crônica hoje, fora de fato inesperado, e em essência, despertado quando me deparei com um comprovante de residência que pertenceu a meu pai, quando em décadas passadas, havia concluído a casa que nos serviu de morada por muitos anos.

Um fato interessante foi o que eu jamais imaginei que um simples comprovante de residência pudesse me causar ao mesmo tempo uma "alegria tão grande" e ao mesmo tempo "uma sensação de indiferença" sem tamanho. Claro! O mundo não é só de rosas, são também dos Girassóis. Este último, eu costumo dizer que faz parte da minha trajetória de vida relacionada aos estudos e as imensas revoluções interiores  das quais tive que passar. Não me furto em deixar de cultivar um Girassol na minha biblioteca por um simples e talvez, mesmo sendo simples, um dos mais significantes símbolos para mim: Lembro-me das leituras sobre a Revolução Francesa. Mas a Revolução Francesa é apenas um exemplo em prosa que exprimo nesta "crônica especial". Clamo às revoluções individuais e coletivas. As revoluções dos que não se curvam aos interesses relativos à barganha, aos conchavos da desonestidade e acima de tudo, aos maus exemplos dos que imaginam que todos têm um preço, quando ainda existem àqueles que possuem e não abrem mão do seu valor, e isto se dar por um motivo imediato: Exemplo. Tal exemplo, refiro-me, aos que aprendemos desde a infância, quando nosso pai e mãe, tia ou tio, avó ou avô, ou até mesmo irmãs ou irmãos mais velhos que se tornam responsáveis pelos mais novos na ausência dos precedentes que acabei de citar. No meu caso, tenho o Exemplo plantado através das ações do meu Pai, que sempre foi meu espelho. Existem outros, mas para mim, este salvou a minha pele de tantos "abutres que estão soltos por aí", pois segundo meu pai, "a gente nunca deve se arrepender de ser honesto", e isso eu guardo e carrego comigo para vomitar na cara de qualquer salafrário, de qualquer pelego de órgãos ou instituições maquiados por discursos hipócritas e atolados em praticas de podridão moral.

Então eu fiquei aqui, só a imaginar como um comprovante de residência, grampeado em uma foto 3x4 e a cópia de uma habilitação, em nome de Carlos Alberto de Albuquerque Maranhão, avô de Herbert, completado dois anos e de Helder, previsto para nascer em menos de dois meses, pudesse me fazer conceber tantas reflexões. Refiro-me ao meu Pai, desencarnado em 02.02.2015.

Para a minha surpresa, neste mesmo dia, tive não sei se surpresa ou a profecia realizada, outra experiência com um comprovante de residência, mas este em nome da minha mãe, que por sinal, estava dentro de uma pasta com outros documentos meus, dispostos em ordem alfabética e classificados tanto por tipo quanto por finalidade. Quando peguei aquela conta de energia de valor R$40,40, percorreu em minha mente um mau presságio, como se alguma profecia me fosse declarada neste dia de maio, especificamente dia seis, um sábado do ano 2017. Para a minha “não surpresa”, chama-me pelo Messenger, um amigo, que por coincidência ou não, completara um ano que fazíamos de amizade no facebook. Como eu estava precisando entrar em casa, pois minha Biblioteca fica após a área de lazer da residência e o cheiro do café estava me atiçando, pedi-lhe que ligasse para conversarmos, para assim, me falar o motivo da ligação. Assim fez o amigo e, logo em seguida meu telefone tocou:

___ Satisfação, meu amigo!

A conversa fluiu como sempre flui. Falamos sobre outros assuntos como se o principal acontecimento devesse ficar para o fim da conversa, como em um conto, onde temos a apresentação, a complicação, o clímax e por fim, e esta é a parte a qual me refiro: "desfecho". Então a conversa enveredou para um caminho mais particular, e talvez, penso eu, metafórico:

___ O amigo soube da novidade?
___ Até o momento não. Conte-me.
___ É sobre o resultado de uma seleção pública, na qual pelo que constatei, o amigo com a bagagem e a experiência que tem, não alcançou pontuação. No mínimo, "fiquei sem entender, entendendo". Onde já se viu pontuação neutra?
___ Você quer dizer: "0,0"?
___ Sim. 
___ O amigo se refere a um processo seletivo tal...
___ Este mesmo.
___ Mas o fato é que não se pode querer fazer chover nem no inferno nem querer que aja fogo dentro das placas de gelo do Polo Norte. E como eu sempre procuro escrever como Belchior, "como faca para cortar a carne" de quem merecer, sempre será útil essas experiências, onde além da hipocrisia escancarada e a falta de dignidade da parte de quem acha que tudo é permitido é o exemplo que eles tem a oferecer, dar e até empurrar de goela a baixo.
___ Mas o que será que há nas entrelinhas, Maranhão?
___ Nas entrelinhas eu não sei, até posso analisar, mas com metáforas, eu creio que quem fala por si, caminha com as próprias pernas, emancipa sua própria liberdade, não se neutraliza, age conforme a consciência, não se curva nem faz continência, não admite humilhação, não é omisso, quando discorda não baixa a cabeça, não serve de chaleira nem de pelego, não vende o voto, não aplaude discursos de hipocrisia e escuta suas baboseiras com indiferença, dar risadas "sem sorrir" dos fanáticos e alienados das esquinas, praças públicas e de pé de palanque, para eles, é carta fora do baralho.
___ Compreendo perfeitamente o amigo.
___ Compreende porque ler e estuda.
___ Você agora me fez rir.
___ Mas falo assim para elogiar o amigo, já que o amigo é um leitor fluente. Mas retomando aos meus exemplos, eu quero dizer que as metáforas que usei não são de efeitos simbólicos ou com figuras de linguagem acentuadas de modo que meu português se transforme em alemão. 
___ Concordo.
___ Mas existe outro agravante.
___ Qual?
___ Eu não "estou" professor de História, amigo, eu "sou" professor de História, e ainda por cima, não me neutralizo, por isso não vou ter no inferno um lugar quente reservado para mim.
___ Pois é meu amigo, sei que  a perversidade é uma arma quente. Mas o que seria melhor para você nesse momento? 
___ No momento, será guardar a ideia da crônica que estou em mente. Quando terminarmos nossa prosa, creio que terei o que escrever.
___ Tudo isso por causa de um comprovante de residência, Maranhão?
___ Ora! Nada é por acaso.
___ Com certeza!
___ Mas como a Flor do Girassol representa equilíbrio, a integridade que por ventura queremos e devemos demonstrar aos outros através das ações - do Exemplo - , e para mim, a revolução de cada um em meio as adversidades, eu sempre agirei conforme meus princípios, sendo sempre o estudante da vida própria, afim de oferecer o Exemplo claro, reto, digno, caro e eterno, pois veja só meu amigo: "Nosso exemplo poderá ser sinônimo de eternidade. Isso dependerá de cada um".
___ Mas sinceramente, como é que uma Flor tão simples representa coisas tão importantes e belas?
___ Não busque respostas meu amigo, aja de acordo com a situação e principalmente, em casos como este, depure o que se pode criar em face da realidade alterada pelas mãos da injustiça e imagem do desrespeito ao direito, em outras palavras, a Democracia. Veja o Girassol: Ele não precisa que ninguém lhe diga de que lado nasce o sol, porque bate lá o seu coração... 
___ Adiante?

Fábio de Carvalho [Maranhão]
06/05/2017, 10h12min – 10h57min - sábado, Cortês-PE, Escritório de Trabalho [Biblioteca Particular]


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